Filme - Kardec (2019)


Em comemoração aos seus 150 anos, o  pai do espiritismo teve muito a aprender em seus estudos para consolidar suas publicações em uma época que a igreja católica vetava a liberdade de expressão com a desculpa de que seria um "insulto a fé". Com direção e roteiro de Wagner de Assis ("Nosso Lar" e "A Menina Índigo", a produção é baseada no livro "Kardec - A biografia" de Marcel Souto Maior, escritor que se volta a temas espíritas e grandes ícones do tema, como Chico Xavier. Com lançamento no dia 16 de maio de 2019, vamos ver o drama que se passa em Paris (ano de 1857) e entender o quanto o mundo mudou, mas que ainda precisa mudar para conquistar a paz.

Biografia do educador francês Hypolite Leon Denizard Rivail, reconhecido mais tarde como Allan Kardec. O filme narra a jornada de Kardec desde quando trabalhava como educador até quando iniciou o processo de codificação do espiritismo, incluindo a publicação de “O Livro dos Espíritos” (primeira obra). Além de tradutor e escritor, Kardec é conhecido por ter decodificado o espiritismo, uma das religiões mais praticadas no Brasil. No filme também vemos a participação da sua esposa Amélie Gabrielle Boudet em seu auxílio com a pesquisa e atenção aos adoradores de seus feitos. Cético até os 50 anos, Allan Kardec tem parte de sua história pouco conhecida, sendo uma trajetória com contradições, crise de fé, conversão e descobertas a serem mostradas em quase duas horas de duração.


O filme escolhe um modo bastante teatral para se apresentar ao espectador, nos levando a pensar que estamos numa peça, os cenários nos evocam a pinturas de tão afastados na nossa realidade. Tudo é bastante focado no elenco que recebeu grandes nomes do cinema nacional. Leonardo Medeiros deu vida a um Kardec que adoraríamos conhecer nos dias atuais, podendo considerar o quanto o personagem era um homem à frente de seu tempo. Com toques de ficção é fácil associar o longa a algo próximo do gênero de fantasia, mas o drama ainda é predominante. Sandra Corveloni vive Amélie, esposa que num período tão arcaico quase perde sua importância perante os demais personagens, sendo ela uma fiel aliada que nos garante boas cenas.

Para o público mais jovem, verão no filme algo bastante cansativo e arrastado. Entretanto, até mesmo quem aprecia as obras espíritas e até mesmo o autor pode ver esse filme uma vez e já considerar o suficiente para entender a história que é uma fórmula que já vimos em outros filmes... homem cético vive experiências que mudam sua vida e decide usar seu potencial para o bem, mas duvidará do caminho que tem seguido... o que nos leva a uma conclusão morna e com frases explicando sua importância na literatura e na religião de todo o mundo. Como destaque temos apenas um momento que nos coloca de frente com o sobrenatural após um choque de realidade. Ou seja, o espiritismo funciona somente sobre pressão?


Como uma biografia está muito romantizada, mas como documentário está mais dinâmica e com certeza alcançará um público maior que o dos leitores do livro. A duração o tornou um filme difícil de se desejar assistir novamente em um curto período de tempo, sendo capaz de ir para a TV aberta em duas (ou mais) partes , pois funcionaria perfeitamente como uma minissérie. Todos conhecem o nome, mas poucos viram Allan Kardec tão humanizado como veremos no filme. A lição de questionar e apreender fica para quem espera um aprendizado... e como Hypolite é professor, isso ele fez bem.

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