Mangá - Witches (de Daisuke Igarashi)
Majo, "Witches", Bruxas... existem muitas formas para chamá-las. Ainda que causem medo, essas serão as mais elegantes que já vimos. Esqueçam os chapéus pontudos, vassouras de palha e verrugas no nariz, pois nenhuma bruxa precisa disso para ser poderosa. Daisuke Igarashi é o autor da obra lançada em 2004 pela revista japonesa Shogakukan. Aqui no Brasil foi lançado em 2017 pela Panini Comics com o selo da Planet Manga, em duas edições no valor de R$ 18,90 cada. Ambas as edições contam histórias independentes, mas com o mesmo propósito de enaltecer as bruxas como entidades da natureza e trazer a cultura da religião wicca e de todo um universo esotérico.
A identidade das histórias revelam a sabedoria de Igarashi sobre um tema que está intrínseco na história, tendo como exemplo o conto "A Pedra da Reprodução" (Petra Genitalix, volume 2), onde a bruxa demonstra que tudo que conhecemos já foi e ainda é palco para um mundo místico, e por essa razão elas sentem mais sensibilidade do que os humanos ao entrarem em locais que hoje são igrejas, escolas, pontos turísticos etc. Essa filosofia é predominante nesse mangá que não precisa de muitos textos ou palavras para se fazer entender. "Fuso" (Spindle) é a história que toma quase todo o volume 1 para nos cativar com a representação dos deuses em cada cultura e trazer mais do que seria um mangá com visão conservadora.
Os traços são o mais belo trabalho de um mangaká e o autor, que desde 1993 trabalha com histórias e ilustrações autorais, fez uma obra inesquecível. Com uma riqueza de detalhes, entenderemos se os leitores o compararem ao também talentoso Junji Ito, ainda que aqui não tenha uma preocupação em assustar ninguém. Felizmente veremos todas as bruxas possíveis, das mais inocentes até as mais perversas. Tudo parte de uma grande descoberta do mundo sobrenatural, passando aos pontos que apresentamos as superstições como o "Gusoo", também conhecido como "O Mundo dos Mortos".
A criatividade se destaca em cada um dos contos, tendo em alguns deles uma espécie de multiverso compartilhado, para que alguns personagens acabem passeando em mais de uma parte da obra. É fácil entender que não é um lançamento comum, semelhante ao que já vemos com "Little Witch Academia" que pode ser visto como algo mais comercial e fácil de agradar o público. "Witches" terá um pouco do desconhecido esperando por você. Destaque para "Kuarupu" que retrata as ligações das bruxas com os indígenas, que seriam as mais conhecidas entidades do folclore.
A ideia do lançamento é uma surpresa pra o público que busca edições curtas e bons títulos para colecionar. Adoramos!
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