Filme - O Doutrinador
Dentro dos gêneros de filmes de ação e aventura encontramos espaço para encaixar o mundo dos heróis de quadrinhos. Quando pensamos nas HQs nacionais sabemos que existem muitas tão boas quanto as de fora, e "O Doutrinador" é uma das mais sortudas, por ser nacional, que agora ganha um filme e ainda ter para estrear uma uma série de TV em 2019. Dirigido por Gustavo Bonafé ("Legalize Já" e Chocante: O Filme"), teremos a inovação de ver um "herói" do nosso tempo e que vive em nossa corrupção. Com estreia para 1° de novembro de 2018, hora de fazer justiça com as próprias mãos.
A obra homônima de Luciano Cunha tem a mesma dinâmica de apresentar um homem em conflitos pessoais. No caso temos um vigilante mascarado (Kiko Pissolato) para atacar a impunidade que permite que políticos e donos de empreiteiras enriqueçam às custas da miséria e do trabalho da população brasileira. A história do homem por trás do disfarce de "Doutrinador" envolve uma jornada pessoal de vingança na qual um agente especial traumatizado decide agir acima da lei, que não funciona para boa parte da população. Esse é o Miguel, esse é o Brasil.
O tapa na cara de quem esperava algo menos produzido é grande, já que acreditamos até no cartaz que se trata de um filme estrangeiro. A trilha sonora usa o melhor do rock internacional e arrepia com cenas brutais e fiéis ao que os fãs leram na HQ de 2013, que ganhou popularidade com as manifestações desse ano. História não falta, mas a previsibilidade é grande para que já viu os heróis Marvel mais "barra pesada" como "Justiceiro" ou "Demolidor". A razão de gostarmos dele é por pura identificação com o cenário político e econômico do nosso universo. Tanta importância em retratar isso se maneira organizada fez ele se distanciar do que seria um novo "Tropa de Elite".
É importante ressaltar que o elenco soube usar seu prestígio, já que a maioria é familiar das novelas da Rede Globo, e não poupam esforços para parecer os caricatos papéis de um filme internacional de super-heróis. Só olhar para Marília Gabriela já é o suficiente para entender o potencial da coisa. Não por menos, já que a série é confirmada nesse longa (como uma cena "pós-creditos") e esse esforço valerá muito para o público brasileiro e quem sabe para o mercado internacional que já aprecia nossos produtos. Crítica social nunca foi tão rentável, e esse filme usa o que ainda não saturou por aqui, como exemplo a comédia sobre política.
Com tempo imaginaremos alianças sendo feitas e outras saídas para o nosso antagonista. É verdade que dentro da história veremos que esse é só o início de algo grandioso. Os personagens nos cativam o suficiente para assistirmos mais capítulos dessa trama, e felizmente o filme funciona também como produto único, sem compromisso. A computação gráfica (CG) precisa melhorar, mas tudo é uma questão de tempo. Sabemos que "O Doutrinador" será um sucesso, e ele merece. Após as eleições de 2018, vai ser fácil ver que a vida e o cinema pegam o mesmo caminho
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