Filme - Não Olhe (Look Away)


Sabemos o quanto o espelho pode nos fazer bem quando estamos num dia bom, mas também é nosso maior inimigo em dias ruins. Com uma ideia que poderia parecer boba, o diretor israelense Assaf Bernstein cria uma trama instigante com "Não Olhe", filme que chegará aos cinemas brasileiros pela Paris Filmes no dia 28 de fevereiro de 2019. O suspense com elementos de thriller é uma surpresa para quem procura um conteúdo que não chega a ser terror, mas que beira esse gênero. Só saiba que você pode se esconder de todos, menos de si mesmo.

A história de cara nos contextualiza com algumas pistas do passado que nos levam a Maria (vivida pela atriz India Eisley) uma garota tímida e reclusa de 18 anos de idade, alienada de seus pais e conhecida como uma pária por seus colegas do ensino médio. O seu único confidente é o próprio reflexo no espelho, a partir do qual ela deriva conforto, um sentimento de posse e, por fim, sua própria ruína. O que seria uma forma de externalizar sua angústia, rapidamente está trocando de lugar com a jovem, e tomará atitudes vingativas em seu lugar.


O primeiro ato possui um ritmo gradativo para o que está por vir. O elenco prende nossa atenção, ainda que interpretem (inicialmente) os papéis mais básicos de uma família tradicional. Um pai (Jason Isaacs) controlador e machista que com poucas palavras consegue o que quer. Uma esposa (Mira Sorvino) tão vazia que precisa do marido para ser ouvida ou respeitada em casa. A partir desses personagens vemos que nossa protagonista não é a única vivendo com dificuldade, já que seus pais vivem nas "aparências" de um relacionamento saudável.

A trilha sonora teen é o maior desconforto que viveremos no cinema. Os momentos escolares são igualmente desconfortáveis, ainda que pareça mais seguro que o lar da jovem, vemos o bullying num ambiente de pessoas omissas. A melhor amiga de Maria, Lily (Penelope Mitchell) é nossa percepção de como as pessoas podem fingir preocupação. O crush (Sean Harrison Gilbertson) nos mostra o quão desnecessário é se apaixonar no colégio. Felizmente os atores interpretaram com tranquilidade os personagens mais clichês da trama.


O verdadeiro destaque do filme está em seu jogo de câmera, para que aproveitemos a imagem de Maria e sua oposta Airam (sim, espelharam até o nome) ao mesmo tempo. Não demora para apreciarmos algumas das atitudes que a antagonista nos proporcionará. A conclusão pode ser a parte mais boba tendo em vista que ficará algumas perguntas em aberto. Só podemos agradecer a experiência mediana e torcer para que continuemos vendo a atriz India Eisley em mais filmes, pois ela brilhou em dobro.

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