Filme - De Pernas Pro Ar 3

A terceira vez é sempre melhor, mas quase nunca é esperada. A franquia "De Pernas Pro Ar" trouxe em 2010 duas coisas que adoramos: falar sobre sexo e comédia, e naturalmente o sucesso garantiu uma sequência em 2012... após tantos anos, "De Pernas Pro Ar 3" é uma despedida? Dirigido por Julia Rezende ("Meu Passado Me Condena" e "Ponte Aérea"), esse é o primeiro com sua participação, já que os anteriores foram dirigidos por Roberto Santucci. O que em se tratar do prazer feminino é bem mais verdadeiro tendo outras mulheres envolvidas. Com estréia no dia 11 de Abril de 2019, vamos jogar pesado com o amor... mais uma vez.

O sucesso da franquia de lojas Sex Delícia faz com que Alice (Ingrid Guimarães) rode o mundo, visitando os mais diversos países em uma correria interminável. Sem tempo para se dedicar à família, quem assume a casa é seu marido João (Bruno Garcia), que cuida dos filhos Paulinho (Eduardo Mello) e Clarinha (Duda Batista), de apenas seis anos. Cansada de tanta agitação, Alice decide se aposentar e entregar o comando dos negócios à sua mãe, Marion (Denise Weinberg). Porém, o surgimento de Leona (Samya Pascotto), uma jovem competidora, faz com que mude seus planos.

Ao som de "Bang Bang" da Jessie J, vemos a personagem que acorda disposta a dar o prazer para suas clientes. O primeiro ato mostra o quanto Alice está com força no mercado nacional e internacional, mas qual o preço disso? Perder o crescimento dos filhos, esquecer seu marido e por fim seu próprio prazer. Com pequenos dilemas vemos que parece não existir um meio termo, ou alguém que possa lidar com a explosão erótica que a Sex Delícia conquistou. Sem faltar o humor polêmico e os brinquedos mais sofisticados que a tecnologia poderia inventar, Alice está presa no seu país das maravilhas.

O longa coloca todo o elenco que conhecemos com novos personagens para dar mais situações que parecem se resolver sozinhas, já que o importante criar o mínimo de pontas soltas que deixem o público com a ideia de que haverá sequências. Lidar com o filho com a sexualidade mais ativa do que nunca e a filha caçula que deseja ter a mãe por perto... situações que tiveram tanta ênfase no início, causou menos conflitos na trama quando chegamos perto da conclusão. O marido que parecia ser o menor dos problemas, se torna um personagem dependente e sem atitude... e ainda passa vergonha com o espectador que vê ele sendo ofuscado por uma mulher forte que se destaca por onde vai.

Por fim, o humor continua na medida certa, ainda que o tempo tenha esfriado a franquia quente que conhecemos. A direção de Julia Rezende continua ambiciosa e não falha nessa que é a segunda parceria com a atriz Ingrid Guimarães (a primeira foi em "Um Namorado Para Minha Mulher"), que é a estrela na qual gira essa trilogia. A participação da atriz Maria Paula é um bônus, ainda que faça falta como personagem forte para a história. Seja aqui, ou em Paris (local onde partes do filme foi gravado), o sexo é uma língua muito bem falada... ou melhor do que isso: é universal.

O filme não dá a sensação de que ficará numa trilogia, embora precise parar enquanto "está por cima".