Filme - A Odisseia dos Tontos ("La odisea de los giles")


Seria rude dizer que somos todos uns tontos? Lembrando que "em terra de corruptos, os tontos são os trabalhadores". Com muito humor e pitadas de drama, "A Odisseia dos Tontos" chega com uma série de situações que só mesmo numa comédia a justiça pode ser feita. Dirigido e roteirizado por Sebastián Borensztein ("Um Conto Chinês" e "Kóblic"), cuja obra se baseia no livro "La Noche de la Usina", de Eduardo Sacheri, fica claro que o cinema argentino tem muito a nos ensinar, seja rindo ou chorando de rir. O filme estréia dia 31 de outubro de 2019 e é distribuído pela Warner Bros. Pictures.

O ano é 2001. Em uma cidade distante na província de Buenos Aires, durante a crise econômica, um grupo de moradores decide reunir a quantia de dinheiro necessária para comprar alguns silos abandonados em uma propriedade agroindustrial. Mas, mesmo antes de poderem executar o projeto, um golpe faz com que eles atinjam o fundo do poço e reajam diante da injustiça. Com Ricardo Darín ("Relatos Selvagens") protagonizando mais uma vez os filmes de Sacheri, é impossível negar a boa relação dos veteranos. Esse grande momento será mais memorável, pois o filme irá representar a Argentina no Oscar 2020.


A obra inicia conceituando bem a razão do seu título, mas não se deixa revelar o destino da trama. O grande elenco dará um show com suas representações cômicas. Dentre os destaques estão Luis Brandoni, Daniel Aráoz, Rita Cortese e Carlos Belloso, onde cada um tem seu desenvolvimento de forma natural para o espectador. Para uma boa retratação da época, temos mais cenas com foco na área rural, bem semelhante ao interior, carros antigos, celulares sendo uma novidade e a tecnologia sendo dos mais afortunados. Aqui vemos até um pouco da brincadeira que os argentinos usam para exaltar que seus jogadores são os melhores, mantendo a eterna rivalidade com os brasileiros.

A imprevisibilidade é muito característica, e após cada cena absurda só poderemos esperar mais absurdos. Inclusive, após o final do filme, espere um minuto para uma cena que com certeza completa a experiência da doce vingança. Com quase duas horas devemos reconhecer que o tempo não pesa na divertida aventura desse grupo. Outro presente é a atuação de pai e filho contracenando pela primeira vez. Ricardo Darín e Chino Darín viverão em cena pai e filho também, e os 30 anos de diferença só mostra que o talento está na veia.

tal pai, tal filho: Ricardo e Chino Darín, duas gerações dividindo os holofotes.

Por fim, é fantástico receber obras adaptadas tão originais como essa. Contudo, o público brasileiro poucas vezes dá valor aos trabalhos dos nossos "hermanos", sendo esse um filme perfeito para perder o preconceito com diferentes culturas. Além disso, a proposta do filme é bem próxima do que alguns filmes nacionais de comédia propõem, mas que por descuido não desenvolvem, ficando somente nas piadas. Se "A Odisseia dos Tontos" não lhe fizer sentir um pouco tonto, você talvez esteja perdendo o sentido da vida.


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