Filme - O Juízo (2019)

Cuidado com seus débitos, pois eles podem te condenar! "O Juízo" é uma obra nacional de suspense, drama e com toques de terror que prometem roubar a cena nos cinemas de todo o país. Além de um grande elenco, temos a iniciativa de trazer outros gêneros para as produções brasileiras. O filme é dirigido por Andrucha Waddington (de "Casa de Areia" e da série "Sob Pressão") e com o roteiro de sua esposa Fernanda Torres, tem estreia prevista pro dia 5 de dezembro de 2019, pela Paris Filmes. Tente não perder seu juízo, desconfiar é preciso!

Em temos difíceis, é mais fácil fugir da cidade grande. Com uma crise no casamento devido ao alcoolismo e por ter perdido o emprego, Augusto Menezes (Felipe Camargo) decide se mudar com esposa Tereza (Carol Castro) e filho Marinho (Joaquim Torres Waddington) para uma fazenda herdada de seu avô, na esperança de colocar a vida nos trilhos, ainda que sua esposa não fique feliz com a ideia. O que ele não imaginava era que a propriedade carrega o carma da traição que ocorrera naquelas terras, sendo assombrada por Couraça (Criolo) e Ana (Kênia Bárbara), escravos decididos a se vingar dos antepassados de Augusto.

O Juízo narra a história de um acerto de contas que leva mais de duzentos anos para se concretizar. Couraça, traficante de diamantes, que foi assassinado numa emboscada, junto com a filha, Ana, armada por um antepassado dos Menezes. Augusto esconde da mulher a sua real intenção de encontrar uma fortuna que seu pai e seu avô acreditam existirem naquelas terras, e acaba seduzido pelo espírito de Couraça. Os diamantes de fato existem, mas custarão a Augusto um preço que nenhum pai seria capaz de pagar. Envoltos numa teia de mistério, Augusto, Tereza e Marinho serão alvo da vingança de Couraça e Ana, que buscam, ao longo dos séculos, uma reparação pela vida que perderam.

O elenco interpreta bem de acordo com a atmosfera, ainda que se destaque Marinho, o filho do casal que é vivido por Joaquim Torres Waddington, filho do diretor com a atriz Fernanda Torres que desempenha um curioso personagem. Lima Duarte como Costa Breves e Fernanda Montenegro como Marta Amarantes abrilhantam a obra com o peso da experiência, que independe do gênero. Criolo e Kênia dão o tom para diferenciarmos esse de um suspense, para olhar o terror que com o devido trabalho chegou perto do creppy menos convencional, sem quase nenhum jump scare.

Em sua conclusão sentimos a falta de empatia pelos personagens principais, sendo que os secundários ganham mais o carinho do espectador. Algumas situações nos levam a rir, seja pelas atitudes incoerentes como também os textos que poderiam valorizar o drama, mas o perdem em questão de minutos. Com algumas cenas mais fortes envolvendo violência sexual, é possível sentir a dificuldade de trazer esse tema para as telas sem garantir a agonia de quem assiste. O esforço criou um filme sobrenatural diferente do que estamos acostumados, seja no Brasil como no mundo.