Filme - A Jornada ("Proxima", 2019)


"Aproveite a gravidade!" Um dos dramas franceses que no final de 2019 tiveram exibições em diversos festivais pelo mundo, a começar pelo canadense Toronto International Film Festival, e selecionado no Festival de San Sebastián, na mostra "Official Selection" (Espanha). "A Jornada" se justifica pelo apelo que recebeu nos circuitos de arte, e ao ser dirigido e roteirizado por Alice Winocour ("Transtorno" e "Augustine") seu nome se torna cada vez mais importante entre as direções "fora da caixa". Com lançamento no dia 19 de março de 2020 pela Paris Filmes, seria tarde demais ver esse momento de sucesso?

Sarah Loreau (Eva Green), uma astronauta francesa em treinamento é convocada para uma missão oficial. Para tanto, ela precisa deixar sua filha Stella (Zélie Boulant) de sete anos com o pai Thomas (Lars Eidinger) e seguir viagem para o espaço junto com outros dois homens, um americano (Matt Dillon) e outro russo (Aleksey Fateev). Desde o anúncio de sua convocação até depois da partida, ela passa a lidar diariamente com as dificuldades de ser mulher em um mundo dominado por homens incapazes de compreender os sentimentos ligados à maternidade e ao íntimo feminino.


Com uma hora e quarenta e sete minutos, tivemos todas as etapas dos astronautas, que nos provou a dificuldade da profissão que durante meses são treinados e restringidos para enfim ter a chance de fazer parte da equipe final. Aumenta a dificuldade ao vermos a primeira francesa, lidando com a pressão e seu corpo respondendo a exaustiva mudança. A fotografia inclusive garante uma imersão sem igual, fazendo o espectador sentir muitos desconfortos na pele. Um dos diferenciais do filme também está na trilha sonora composta por Ryuichi Sakamoto ("O Último Imperador" e "O Regresso") que torna o longa em uma jornada fantástica.

A importância que deram em manter personagens com atores de suas respectivas nacionalidades, mostra o cinema cada vez mais diverso e verdadeiro ao público, não seguindo o caminho mais fácil. Destacamos a relação de Eva Green e Zélie Boulant, que como mãe e filha brilham a trama para a relação que vai se adaptando a nova rotina de trabalho da figura materna. Quanto ao pai, fica claro que não é tão importante para a jovem, e nos demais personagens masculinos vemos uma falta de sensibilidade que nos enoja, principalmente o do personagem vivido por Matt Dillon, que ganha nosso destaque por sempre conseguir nos tirar do sério... e de repente ganhar nosso apreço.


Sua conclusão mostrou o fim de um ciclo e o início de coisas tão maiores que fica a critério da vida imaginar, e assim até evitar a duração cansativa do filme. É um filme bastante sensível e adulto nos temas e também pela sua breve nudez. Aos créditos veremos muitos astronautas com algum membro família, forma de valorizar as famílias que esperam e sofrem tanto quanto a equipe envolvida nas expedições. A direção de Alice ganha mais um grande lançamento. É admirável e merece ser enaltecido pelo cinema!

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