Filme - "O Menino e a Garça" (Kimitachi wa Do Ikiruka, 2023)

"Você será meu sucessor?" Com “O Menino e a Garça”, o filme do Studio Ghibli assinado por Hayao Miyazaki (“A Viagem de Chihiro” e “Meu Amigo Totoro") conquistou o recente Globo de Ouro como "Melhor Animação", e com fortes possibilidades no Oscar, finalmente chega aos cinemas brasileiros em 22 de fevereiro de 2024, com distribuição da Sato Company.

A trama é sobre jovem Mahito Maki, que sofre uma dolorosa tragédia familiar durante a Segunda Guerra Mundial e precisa se mudar imediatamente para o campo, onde seu pai trabalha para uma família que faz aviões para o exército japonês. Isolado, Mahito começa a explorar as paisagens misteriosas e encontra uma garça cinzenta que passa a ser frequentemente vista pelo garoto.

O produtor Toshio Suzuki conta que tudo começou a ser desenvolvido em 2016. À época, Miyazaki havia anunciado sua aposentadoria, mas reconsiderou ao desenvolver esse projeto. No Japão, país de origem do longa, a produção tornou-se o terceiro maior lançamento do ano de 2023. A canção principal que veremos nos créditos, intitulada "Spinning Globe", é cantada por Kenshi Yonezu, trazendo mais um pouco da trama para quem prestigiará o possível último filme do mestre.

A bela história começa com uma forma dolorosa, e aos poucos a resiliência trará beleza ao filme que tem traços de terror em cenas de combate com o espiritual. É algo característico que fará falta no cinema contemporâneo. A conclusão de dia comum, nos aparenta que após tanto conhecimento... só nos resta seguir com o coração apertado. É comovente como o primeiro som é um alerta de incêndio, mas termina com o instrumental mais doce que podemos ouvir.

Com duas horas e quatro minutos, não sentimos o peso do tempo, mas a qualidade justifica cada segundo. Em uma só obra vemos criaturas fofas, medonhas (ou incompreendidas?), um velho mestre cansado, mas pronto para passar o bastão. Fica a expectativa de que a obra final receba tanto reconhecimento internacional, quanto o de seu país de origem. O legado de Hayao é como uma pena, feita com amor e sem o peso da fama.