Filme - A Favorita (The Favourite)


Nada mais doce do que ser a favorita de alguém, nada mais amargo do que ser substituída. O filme de 2018 que foi selecionado pela 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo finalmente chega ao grande público. Como um bom filme de época, veremos a corte inglesa e sua falta de bom senso no século XVIII. Drama, romance e muita opulência na obra dirigida por Yorgos Lanthimos ("O Lagosta" e "O Sacrifício do Cervo Sagrado"), que manteve sua visão intensa como marca registrada. "A Favorita" estréia dia 24 de janeiro de 2019 e já podemos nos surpreender com a beleza dos cartazes e com as indicações a (nada menos do que) 10 estatuetas do Oscar.

O que poderia ser uma premissa simples acaba tomando situações inusitadas. Na Inglaterra do século XVIII, Sarah Churchill, a Duquesa de Marlborough (Rachel Weisz) exerce sua influência na corte como confidente, conselheira e amante secreta da Rainha Ana (Olivia Colman). Seu posto privilegiado, no entanto, é ameaçado pela chegada de Abigail (Emma Stone), nova criada que logo se torna a queridinha da majestade e agarra com unhas e dentes à oportunidade única de reacender com a "classe A" da sociedade britânica. A rainha que aparenta ser uma pessoa difícil pelas inúmeras enfermidades não deixa de se destacar em meio a rivalidade de suas queridinhas.


Dispensamos apresentações desse elenco fantástico para um filme que reúne gêneros opostos como a comédia e o drama. Rachel Weisz e Emma Stone são ganhadoras do Oscar e aqui se entregam para mais um momento de glória. Olivia Colman volta a trabalhar com o diretor que a destacou bem aqui e no filme "O Lagosta" de 2015. Tanta beleza combinada com as extravagâncias de um período onde as rainhas ditavam tudo, e a realeza não é tão pura quanto pensamos. A humanidade dos personagens é um destaque dessa trama cheia de reviravoltas que beiram o tragicômico.

É verdade que a história tem seus excessos que o diferenciam de um "Orgulho e Preconceito", mas a divisão em capítulos nos lembra que sua dinâmica o torna mais amigável com títulos para cada cena revelada. Sem contar que o filme não chega a ser cansativo, mesmo com certos limites no roteiro. A ambientação e os figurinos estão em perfeita harmonia. A trilha sonora clássica é marcante e nos acompanha por cada quarto ou corredor gigantesco que encontramos no palácio. Por último, mas não menos importante a fotografia que usa mais do que o básico para um tom de novo clássico.


Embora não tenha a melhor das conclusões, é um filme que aborda o ciúme e a ideia libidinosa que não é privilégio da nossa geração. As cenas de nudez e xingamentos são bem encaixadas e não soam forçadas para um público que gosta apenas de exposição. É um filme digno de salas de arte e mostras de cinema, já que possui um refinamento muito alto, e um tom que não agradaria os cinéfilos de blockbusters. Caberá a cada um escolher sua favorita... e não será difícil.

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