Filme - A Mula (The Mule)
Quando pensamos que a vida não tem mais como nos surpreender, ela vai e desafia até a experiência da idade. A história que veremos em "A Mula" é baseada em fatos reais, com foco em um artigo do The New York Times do jornalista Sam Dolnick em 2014. Não precisando desse fato como forma de fortalecimento da história, o diretor Clint Eastwood ("Sully: O Herói do Rio Hudson" e "Menina de Ouro") dispensa apresentações, e como era de se esperar deu vida ao protagonista desse drama com toques de suspense. Com lançamento para o dia 14 de Fevereiro de 2019, hora de entender que enquanto estivermos com vida, poderemos fazer mudanças no trajeto.
Earl Stone (Clint Eastwood) coleciona uma série de honras que vão desde de prêmios por seus trabalhos como paisagista e decorador até o reconhecimento por ter lutado contra os nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. No entanto, foi aos 90 anos que conquistou algo surpreendente: ele foi preso por portar o equivalente a três milhões de dólares em cocaína no seu carro, uma picape velha, no Michigan. Earl passa de uma vida humilde e solitária para uma com mais condições de ajudar sua família, da qual se distanciou, e trazer para si mais grandes experiências ao se envolver com um cartel de drogas no México.
É interessante ver como os atos começam despretensiosos até se fecharem com grandes momentos para o filme. O início apresenta bem um homem querido por seus vizinhos e detestado por sua mulher e filha, ainda que sua neta (Taissa Farmiga) deseje que ele participe de sua vida. Essa ponte desperta o interesse do nosso protagonista em resgatar o tempo perdido. A falta de dinheiro foi um ótimo gatilho para levar Earl para o mundo do crime, quando se populariza e atrai a atenção do policial do Departamento de Investigações sobre Narcóticos, Colin Bates (Bradley Cooper, que já trabalhou com o diretor em "Sniper Americano"), que começa a estudar o caso e ver sua complexidade (ou falta dela).
O que torna o filme de certo modo cômico são as situações mais arriscadas, assim como a trilha sonora que trouxe requinte e risos nos momentos certos. O drama é tão sutil inicialmente que não sentimos ele chegando, mas conseguirá prender o espectador. A história ganha uma dinâmica diferente no meio do filme, onde entendemos que o crime não compensa, e a sorte decidirá a conclusão a partir disso. Com algumas reviravoltas veremos Clint Eastwood em um papel menos poderoso e mais humano, sendo um dos seus excelentes momentos como ator e diretor.
Em uma sincera conclusão e após quase duas horas o filme voa sem termos noção, já que ele alcança os temas propostos com muita naturalidade, resolvendo o drama familiar, a nova "profissão" e até a mudança de vida que foi discreta perto de outras obras que exageram. Uma quase aventura feita sob medida para nos lembrar que somos nós que fazemos as escolhas, e que esses caminhos definem nosso futuro. É fato que uma escolha sensata te levará ao cinema para conferir que os 90 são os novos 40.
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