Filme - Hebe: A Estrela do Brasil
Com lançamento no dia 26 de setembro de 2019, o filme mostra a Hebe (Andréa Beltrão) que se consagrou como uma das apresentadoras mais emblemáticas da televisão brasileira. Sua carreira passou por diversas mudanças ao longo dos anos, mas foi durante a década de 80, no período de transição da ditadura para a democracia, que Hebe, ao 60 anos, tomou uma decisão importante. A apresentadora passou a controlar a própria carreira e, independentemente das críticas machistas, do marido ciumento (Marco Ricca) e dos chefes poderosos, se revelou para o público como uma mulher extraordinária, capaz de superar qualquer crise pessoal ou profissional.
A posição política da apresentadora é bem presente no filme, ainda que o mais importante seja o foco em sua carreira e seu nome contra a censura. Em quase duas horas de filme estamos ao lado da platéia em seu programa semanal, enquanto também compartilharemos do seus momentos de reflexão, e até mesmo com a família.Todo o elenco está bem conectado ao projeto, incluindo Caio Horowicz vivendo Marcello, filho único que também sente o peso do casamento em ruínas que seus pais vivem. Danton Mello interpreta Claudio Pessutti, que foi empresário da apresentadora por 17 anos e a quem ela considerava um filho. Ambos estão como guias de Hebe para que ela seguisse sua vida com força e dignidade.
A ambientação nos faz acreditar que está ali um pedaço enorme do nosso Brasil, com desigualdade, preconceito, LGBTfobia, desemprego e com tudo isso ainda havendo brasileiros com esperança. Os anos se passam e entendemos que o objetivo é reviver as emissoras que Hebe esteve durante sua vida, inicialmente na Band e sua "casa" mais querida, o SBT. O filme deixa claro seu pavor pela Globo, e mostra que embora isso ocorra, suas amigas da emissora concorrente estão sempre com ela, a exemplo de Nair Bello e Lolita Rodrigues. Também não escapa a presença dos icônicos Silvio Santos e Roberto Carlos, e suas atrações mais memoráveis com Dercy Gonçalves, Roberta Close e Chacrinha.
Toda a riqueza de detalhes abrilhanta o longa, sendo algo que a Hebe diria achar "uma gracinha", ainda que possa depois acentuar que faltou algo pra ficar perfeito. Perfeccionismo é sua qualidade e defeito, e o filme alcança cada caracterização com muito carinho, exagero e música. Cada lantejoula está presente nessa ode a televisão brasileira. Até os clichês serão vividos com verdade pelo espectador. Não estamos esperando uma revolução a essa altura do campeonato, pois Hebe em vida já fez isso. Veja cada passo e sinta a nostalgia que é viver na época da ditadura e do televisor de tubo... nem faz tanto tempo não é?
Comentários
Postar um comentário