Filme - Hebe: A Estrela do Brasil


A bandeira do Brasil ostenta inúmeras estrelas, mas só uma se destaca sozinha, sendo feliz ao ver todos sorrindo no mesmo país. Uma homenagem a a triz, cantora, radialista e apresentadora Hebe Camargo chega num momento tão próximo a data de seu falecimento (29 desse mês em 2012, completando 7 anos) que parece uma celebração em vida. "Hebe: A Estrela do Brasil" é uma cinebiografia com direção de Maurício Farias (“O Coronel e o Lobisomem”) e roteiro de Carolina Kotscho (“Dois Filhos de Francisco”), fazendo um recorte da vida da apresentadora na década de 1980. Vem que tem selinho pra você também!

Com lançamento no dia 26 de setembro de 2019, o filme mostra a Hebe (Andréa Beltrão) que se consagrou como uma das apresentadoras mais emblemáticas da televisão brasileira. Sua carreira passou por diversas mudanças ao longo dos anos, mas foi durante a década de 80, no período de transição da ditadura para a democracia, que Hebe, ao 60 anos, tomou uma decisão importante. A apresentadora passou a controlar a própria carreira e, independentemente das críticas machistas, do marido ciumento (Marco Ricca) e dos chefes poderosos, se revelou para o público como uma mulher extraordinária, capaz de superar qualquer crise pessoal ou profissional.


A posição política da apresentadora é bem presente no filme, ainda que o mais importante seja o foco em sua carreira e seu nome contra a censura. Em quase duas horas de filme estamos ao lado da platéia em seu programa semanal, enquanto também compartilharemos do seus momentos de reflexão, e até mesmo com a família.Todo o elenco está bem conectado ao projeto, incluindo Caio Horowicz vivendo Marcello, filho único que também sente o peso do casamento em ruínas que seus pais vivem. Danton Mello interpreta Claudio Pessutti, que foi empresário da apresentadora por 17 anos e a quem ela considerava um filho. Ambos estão como guias de Hebe para que ela seguisse sua vida com força e dignidade.

A ambientação nos faz acreditar que está ali um pedaço enorme do nosso Brasil, com desigualdade, preconceito, LGBTfobia, desemprego e com tudo isso ainda havendo brasileiros com esperança. Os anos se passam e entendemos que o objetivo é reviver as emissoras que Hebe esteve durante sua vida, inicialmente na Band e sua "casa" mais querida, o SBT. O filme deixa claro seu pavor pela Globo, e mostra que embora isso ocorra, suas amigas da emissora concorrente estão sempre com ela, a exemplo de Nair Bello e Lolita Rodrigues. Também não escapa a presença dos icônicos Silvio Santos e Roberto Carlos, e suas atrações mais memoráveis com Dercy Gonçalves, Roberta Close e Chacrinha


Toda a riqueza de detalhes abrilhanta o longa, sendo algo que a Hebe diria achar "uma gracinha", ainda que possa depois acentuar que faltou algo pra ficar perfeito. Perfeccionismo é sua qualidade e defeito, e o filme alcança cada caracterização com muito carinho, exagero e música. Cada lantejoula está presente nessa ode a televisão brasileira. Até os clichês serão vividos com verdade pelo espectador. Não estamos esperando uma revolução a essa altura do campeonato, pois Hebe em vida já fez isso. Veja cada passo e sinta a nostalgia que é viver na época da ditadura e do televisor de tubo... nem faz tanto tempo não é?


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