Filme - Bloodshot (2020)


O novo anti-herói dos quadrinhos é uma surpresa. Primeiro: ele não virá das poderosas Marvel ou DC. Segundo: ele é exatamente o que tivemos como heróis nos anos 2000. Terceiro: "Bloodshot" não é uma HQ muito conhecida, e por esse motivo merece uma forma de brilhar além das páginas. Dirigido por Dave Wilson, a história criada em 1992 (e com o passar dos anos e suas derivações) chega ao grande público nos cinemas, com estréia no dia 12 de março de 2020 pela Sony Pictures.

Ray Garrison (Vin Diesel) é um ex-soldado com poderes especiais: o de regeneração e a capacidade de se metamorfosear. Assassinado ao lado da esposa Gina Garrison (Talulah Riley), ele é ressuscitado e aprimorado com a nanotecnologia, desenvolvendo tais habilidades. Ao apagarem sua memória várias vezes, ele finalmente descobre quem é e parte em um busca de vingança daqueles que mataram sua família. Com tantos conflitos internos, se torna cada vez mais difícil saber em quem confiar. O que não falta é ação, e cenas bem elaboradas para perder o fôlego.


Como é esperado, os efeitos especiais estão em maior parte das cenas garantindo algo moderno e confortável para os olhos. Difícil é olhar para Vin Diesel interpretando o mesmo papel de brutamontes cheio de testosterona, sem falar que nessa história ele tem muita inteligência, mas nem isso o fez seu personagem menos cabeça dura. Em um mundo onde heróis sem diferencial estão saturando, Bloodshot chega para provar que não é pra todos os estúdios que teremos grandes resultados nesse nicho. Até mesmo na relação entre os personagens, vemos o quão previsível a trama se destrincha. Sem falar em uma minoria feminina (Eiza González) tendo que ouvir piadas machistas e serem sexualizadas para o protagonista dar o espaço que ela precisa para mostrar uma boa cena de ação.

Os responsáveis pela HQ são o trio Kevin VanHook, Don Perlin e Bob Layton, que era um artista em alta nos anos 90 e participou de uma das melhores tramas do "Homem de Ferro" (A Guerra das Armaduras). É perceptível as referências ao clássico "Frankenstein" de Mary Shelley, como também heróis Marvel como O Justiceiro e Wolverine, tendo em vista a forma que é abordada a experiência sci-fi, combinada com a sede de vingança e tantos outros elementos que hoje não são novidades, ainda mais para espectadores que sempre gostam de ser surpreendidos. Nem mesmo os vilões representam uma ameaça tão emocionante assim.


É uma franquia que desde 1992 está no papel, e desde 2012 tentou migrar para os cinemas, e com todo esse tempo tudo mudou na indústria cinematográfica, e porque não dizer na cultura pop, onde aos poucos vimos os filmes vergonhosos de heróis dos anos 2000 tendo um mínimo de cuidado em reescrever suas aventuras com um roteiro mais envolvente, e que nos fizessem nos importar com o destino deles. Bloodshot não desperta essa expectativa, e quando tenta ser cômico... perde ainda mais o clima sério que vinha desde sua origem. Não precisamos de uma sequência, e infelizmente não poderão apagar nossa memória também.

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