Filme - O Grito ("The Grudge", 2020)


Até mesmo o terror pode ser vitima de um possível reboot hoje em dia. Com tantas formas de trazer os ícones do sobrenatural, hoje vemos a franquia "O Grito" recebendo mais uma versão norte-americana após a tentativa que rendeu uma trilogia bastante questionável em 2004, sendo que todos se baseiam no original japonês "Ju-on" de 2002 de Takashi Shimizu. Agora dirigido por Nicolas Pesce ("Os Olhos da Minha Mãe" e "Piercing"), será uma responsabilidade de trazer o terror que conhecemos para os dias de glória. Com lançamento pela Sony Pictures, chegará aos cinemas dia 13 de Fevereiro de 2020 para enfim gritarmos o que achamos dele.

Seguindo a ideia de que em uma casa, uma maldição nasce após uma pessoa morrer em um momento de terrível terror e tristeza. Essa voraz entidade maligna não perdoa ninguém, fazendo vítima atrás de vítima e passando a maldição adiante. A ideia manteve as origens nipônicas da maldição, sendo curioso acontecer agora com a detetive Muldoon (Andrea Riseborough) e seu filho Burke (John J. Hansen) que moram em Nevada, EUA. Sendo muito parecido com os filmes originais, ele será contado em uma ordem não cronológica através de várias histórias diferentes.


Com diversos problemas no roteiro, a história que poderia receber uma nova adição nem consegue se contar partindo do pressuposto de que todos já sabem como funciona a maldição de Kayako (Junko Bailey), sendo uma versão totalmente genérica do espírito feminino que nos assustava de fato nos filmes tanto da versão americana quanto da japonesa (Takako Fuji atuou em ambos). A atuação dos demais membros do elenco são rasas o suficiente para não torcermos pela sobrevivência de quase ninguém, com exceção do casal vivido por Frankie Fason e Lin Shaye (Franquia "Sobrenatural" e "Ouija 2" e o clássico "A Hora do Pesadelo" de 1984).

Os efeitos especiais provocam arrepios, mas fica claro a economia em torná-lo mais real para a trama, sendo fácil pensar "é uma ficção barata" e tomar um susto com o jump scare combinado com a trilha sonora composta pela dupla The Newton Brothers ("Doutor Sono" e a série "A Maldição da Residência Hill"). Tantos artifícios que nos deixaram longe da ideia original, e após sair da sessão é impossível não desejar ver seus anteriores e entender como puderam torná-lo ainda mais repugnante. A nova versão ganha até mesmo momentos mais cômicos com a quantidade de diálogos desnecessários e a participação de Jacki Weaver se tornou ainda mais de um alívio cômico do que uma aliada.

Raso, nada que possa nos afogar de medo... INFELIZMENTE!

Decepcionante, ver que mesmo com um bom elenco, um investimento numa história boa de ser revisitada, poderia ser posto a perder por uma direção inexperiente, sendo que as mudanças não perdoaram em sua conclusão. Gostar do gênero terror já é uma dificuldade para a maioria dos espectadores, sendo um público bastante restrito e exigente, e com cada vez mais produções saindo por ano, as mais genéricas e esquecíveis nos lembram que não é qualquer um que pode roteirizar e/ou dirigir uma grande franquia... assim como qualquer filme de terror. Kayako, descanse em paz!

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