Filme: "Something Beautiful" (2025)
Após sua vitória no Grammy, muito se aguardou para termos ideia do que viria em "Something Beautiful", nono álbum de estúdio e primeiro filme para um álbum de Miley Cyrus. Com lançamento na última sexta, dia 30 de Junho de 2025, é a experiência pop ópera que não só os fãs mereciam, mas sim o mundo da música carente de novidades. Dirigido e roteirizado por Cyrus, Jacob Bixenman e Brendan Walter, o filme será exibido em primeira mão dia 6 de Junho de 2025 no Festival Tribeca, em Nova Iorque.
Miley trabalhou com seu namorado Maxx Morando e os demais produtores como Michael Pollack, Ryan Tedder e Shawn Everett, dentre outros para faixas específicas. Das 13 faixas, se retirarmos a "Prelude" e as duas Interludes, temos 10 canções bem longas, dignas de uma rockstar veterana em seu momento mais inspirado. A produção executiva é de Cyrus com Everett. A arte da capa é uma fotografia de Glen Luchford de Miley vestindo um Thierry Mugler de 1997.
Estrategicamente, a artista se inspirou em "The Wall" do Pink Floyd, filme de 1982 que usa como trilha sonora o álbum duplo de 1979. Para os dias atuais, Miley disponibilizará nos cinemas por uma noite, um mês depois (para os brasileiros, já que nos EUA será exibido 12 de Junho) como forma de promover o lançamento musical. Ela aliou sua vontade de não sair em turnê, algo legítimo tendo em vista seu passado de child star viajando e dormindo em ônibus de turnê, shows diários. Seu filme é uma forma de estar com todos os fãs e admiradores de música de forma onipresente e com algo que se orgulhe nas próximas décadas.
"Prelude" é esotérica! Com uma leitura dramática de Miley, temos um instrumental belíssimo ao mesclar tudo que iremos encontrar no decorrer do álbum. Não deveria ser considerada uma canção, mas sim uma abertura conceitual para seu filme, tanto que se ouvirmos isoladamente ela nos lembrará um mantra.
"Something Beautiful" consegue ser sexy e aconchegante para o momento à dois, mas ainda passa melancolia nos momentos solitários. O auge da faixa-titulo é no caos sonoro que alcança o meio da canção de surpresa! Miley faz até mesmo os backing vocals, dando um resultado hipnotizante para ouvir no escuro. A elegância dos vocais e demais instrumentais definem bem o álbum como um todo!
"End of the World" é o carro-chefe em se tratando de singles, sendo a primeira a tocar nas rádios. Muito comparada ao som do ABBA, é o primeiro ânimo da intérprete apaixonada que dedicou a sua mãe Tish. Pela letra podemos imaginar que tenha como uma das referências a separação dos pais de Miley, cujo pai, o também cantor Billy Ray Cyrus, revelou ter tido uma segunda chance de se reaproximação da família após seu novo casamento que terminou precocemente.
"More To Lose" foi a primeira faixa a receber performance ao vivo no programa de TV. Lembra levemente a canção "Someday" da edição Platinum do álbum "Breakout", mas com quase duas décadas de maturidade. É romântica e soa como um clássico instantâneo! No filme é adotado um filtro preto e branco onde a cantora pode encarnar a diva que sempre foi.
"Interlude 1" é misteriosa e ao mesmo tempo sexy para quem nunca viu Miley mascarada e vestida para matar! Aos poucos uma sonoridade psicodélica invade o ouvinte! Remete a um filme de espionagem com toques de suspense. Se Beyoncé tem o alterego Sasha Fierce, Miley tem inúmeros em suas eras.
"Easy Lover" é literalmente fácil de grudar na mente e até viralizar, principalmente pela sua duração. Lembra levemente a canção "On My Own" da edição deluxe do "Bangerz". Estar entre duas interludes deu mais ênfase nela ser a troca de lado no vinil.
"Interlude 2" é a última pausa presente no disco. Sem a voz de Miley, mas com hiperatividade e coreografias agressivas para uma transição marcante. Obviamente muitos desejariam que esses espaços fossem preenchidos com canções, mas no filme faz mais sentido, afinal, devemos interpretar como uma trilha sonora de uma cena de perseguição.
"Golden Burning Sun" faz uma boa companhia num fim de tarde, dirigindo por toda a cidade para não voltar pra casa até que o álbum termine. Os sintetizadores perto do final da faixa fazem uma combinação bombástica para o visual da Miley em sua moto em busca do seu amado(a).
"Walk of Fame" com colaboração da Brittany Howard foi uma surpresa para quem acreditou que seria um álbum sem feats. A cantora que começou em 2019 sua carreira conseguiu adicionar sua essência urbana na faixa que possui quase 6 minutos. Nas plataformas digitais, a canção ganhou um edit para quem deseja ouvi-la fora do álbum, ficando com pouco mais de 3 minutos, mas recomendamos a completa. A sonoridade também combina com o álbum "Plastic Hearts".
"Pretend You're God" é definitivamente a faixa que remete o álbum "Miley Cyrus & Her Dead Petz", sendo aperfeiçoada para abraçar a melancolia dessa nova era. Sua introdução parece ser uma caixinha de música sendo aberta. Não por acaso, ela está entre as duas únicas canções a conter colaborações de outros artistas, provando que Miley não está só nessa fantasia divina.
"Every Girl You've Ever Loved" com a colaboração da modelo global Naomi Campbell, que em 1994 arriscou seu único álbum. Aqui temos a "Vogue" da Miley, uma vez que nascer em 1992 influenciou seus interesses musicais ao ponto de beber referências ballroom do final dos anos 80 e início dos 90, não só na música como na moda, outro elemento incluso para enaltecer o álbum visual.
"Reborn" trouxe uma energia nostálgica para quem ouviu a duo russa t.A.T.u. nos anos 2000. Além disso, o nome da canção já foi alvo de muitos boatos na era "Bangerz" quando fãs especularam que o álbum de 2013 teria esse título, e a própria Miley precisou desmentir. Demorou, mas veio aí! A canção é também a que teve os trechos mais memoráveis no trailer final.
"Give Me Love" é apoteótica! É o encontro da Miley com o paraíso pop, um sonho se tornando realidade. Para a intérprete foi a conclusão perfeita, sendo um oposto de "Flowers", pois aqui ela implora descaradamente pelo que todos buscamos. A canção tem uma pegada country do álbum "Younger Now" e até pode lembrar os fãs mais antigos da letra semelhante a conclusão do álbum "Can't Be Tamed" que foi uma jornada de amor e liberdade com "My Heart Beats for Love".
É um álbum que (mais uma vez) testará quem está sendo fã apenas pela fama da diva ou pela sua arte em seu estado mais puro. Com cinquenta e dois minutos e onze segundos, no filme não chega a superar uma hora de duração, tendo apenas cinquenta e cinco minutos. Com visuais sedutores, após a sessão será impossível tirar da mente cada cena que embalará o sono do smilers na noite do dia 27 de Junho de 2025, somente uma sessão nesse dia nos melhores cinemas.
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