Filme: "Os Enforcados" (2024)
Em "Os Enforcados", aquela carta do tarô que está presa pela perna, aqui não terá tanta folga. Dirigido por Fernando Coimbra ("O Lobo Atrás da Porta" e "Castelo de Areia") e roteiro dele com Juliana Soares. Teve sua estreia mundial no Festival de Cinema de Toronto e também foi exibido no Festival do Rio. A distribuição é da Paris Filmes e embora seja de 2024 por conta da agenda de festivais, o lançamento chega só agora para o grande público... dia 21 de Agosto de 2025, somente nos cinemas!
Regina (Leandra Leal) e Valerio (Irandhir Santos) estão felizes no relacionamento e levam uma vida descontraída na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Mas desde a morte do pai de Valerio, o maior mafioso da cidade, eles procuram uma saída do ninho de vespas criminosas que é o negócio da família desta família. Mas ao mesmo tempo, o casal também têm despesas e dívidas para quitar e o tio de Valerio, Linduarte (Stepan Nercessian) insiste que o sobrinho assuma o negócio. Numa noite acidental, os dois encontram uma solução para o problema: matar o tio e vender o negócio.
A participação da atriz Irene Ravache foi uma ótima adição, e sua personagem trouxe um pouco de humor ácido para que a trama tivesse saídas plausíveis e desdobramentos ainda maiores. Leandra Leal continua uma trajetória brilhante para as mulheres, e combinada com Irandhir Santos foi uma boa combinação, tendo em vista um casal que seus personagens tem desde cedo um fetiche com o crime e sadismo, algo que estará bem visível nos atos sexuais que nem sempre ficarão apenas no prazer, mas infelizmente no abuso.
A trama tem muita violência, desde crimes que pela narração vamos imaginar tudo de pior que não foi mostrado, e cenas brutais que vão pegar quem acha que já viu de tudo. O roteiro caminha com o que já conhecemos bem, na realidade da corrupção e das riquezas de quem faz lavagem de dinheiro muito antes do termo existir. Não é uma obra fácil para quem não deseja ver a realidade do Rio de Janeiro em uma lente de aumento, até mesmo os desfiles de escolas de samba terão um pouco das cenas para trazer uma breve beleza local.
Com duas horas e três minutos, foi o suficiente para uma carnificina de primeira. Atores grandes se entregando em personagens que fogem dos seus arquétipos de tantos anos de carreira. Afinal, se for para sair num filme, melhor que seja fazendo tudo e um pouco mais, e aqui temos a certeza que uma hora a investigação tem um culpado, seja ele inocente ou não. Os efeitos podem parecer de menor impacto diante de tantas grandes produções que até o próprio diretor já se envolveu, mas é razoável para não desconectar o público. "Essa obra não acaba nunca!", já dizia nossa protagonista que quer uma cozinha impecável para sua última cena.
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